Depois da conquista do título da Liga de Futebol Norte do Estado de São Paulo, o Esporte Clube Taubaté entrou em negociações com vários clubes de São Paulo e do Rio de Janeiro, para jogos amistosos.
O Palestra Itália de São Paulo (atual Palmeiras), aceitou o convite do alvi azul para partida amistosa, que foi realizada em Taubaté, no campo do Bosque, no dia 24.11.1940.
A chegada da delegação do Palestra à estação de trem em Taubaté foi aguardada por vários torcedores, que celebraram com muitos aplausos aos jogadores.
O combinado entre os dirigentes das equipes, era que o Palestra, líder do campeonato Paulista, viesse com seu time completo, mas não foi o que aconteceu. A linha ofensiva só tinha dois titulares, Lima e Pipi, e o meio campo sem Del Nero, somente o setor defensivo, com todos os titulares.
Já o alvi azul, com seu time completo, todos os titulares que conquistaram brilhantemente a Liga de Futebol Norte do Estado de São Paulo.
O JOGO
Torcida compareceu em grande número para prestigiar a partida, na ensolarada tarde de Domingo, os times entram em campo sob muitos aplausos.
O jogo começa e o que se nota é que o time do Palestra é muito mais forte fisicamente, mas o alvi azul não se deixa intimidar e logo mostra porque é o campeão da zona norte do Estado de São Paulo. Aos 4 minutos, Zico faz linda jogada individual em cima do Zagueiro Carnera e chuta da entrada da área no canto esquerdo baixo, sem chances para o goleiro Gijo, 1x0.
O Palestra claramente sentiu o gol, estava atordoado em campo, aproveitando-se disso e do apoio da torcida, o Taubaté pressionava em busca do segundo gol e, aos 9 minutos, Savério dá um passe açucarado para Mario, que sai sozinho na cara do gol, dribla Gijo e faz o segundo, 2x0. Festa da torcida Taubateana.
Após o segundo gol a equipe do Palestra que fisicamente era muito superior ao alvi azul, começou a abusar do jogo violento, com entradas duríssimas, que não eram punidas pelo árbitro. Este que deixou de marcar dois pênaltis claros a favor do Taubaté, um em cima de Viola e outro em cima de Walquirio, ambos receberam verdadeiras botinadas dentro da grande área. Os Palestrinos faziam jogo violento, arrastado e carregado, estavam desnorteados em campo. Já o alvi azul, jogava com classe e técnica, dominando totalmente a partida.
Apesar do domínio total, no fim do primeiro tempo aos 43 minutos, em uma bola despretensiosa cruzada na área do Taubaté, Lima sobe mais que Ditão e em uma cabeçada, que mais parecia um chute diminui o placar, 2x1. Chegando assim ao final da etapa inicial.
Na etapa complementar, o Palestra voltou bem melhor fazendo uma verdadeira Blitz na defesa alvi azul, que contava com Rogério e Ântico que tiravam o perigo para longe. Mas quem mais se destacava no setor defensivo do alvi azul era o Uruguaio Escobar, que se desdobrava na marcação de Lima e Zuza, um verdadeiro leão em campo.
O atacante Palestrino Zuza, para fugir da marcação de Escobar, se colava por diversas vezes em visível impedimento, e em uma dessas situações o impedimento não foi marcado e Zuza saiu cara a cara com goleiro Zezão, que nada pode fazer. Zuza o deslocou com um chute forte rasteiro, empatando a partida aos 28 minutos; 2x2.
Após o empate, o alvi azul voltou a ser melhor em campo, com jogadas pela direita e pela esquerda, cruzando rasteiro ou alto, em um trabalho meticuloso dos atacantes em busca do terceiro gol, destacando-se Zico, ponta esquerdo extremamente habilidoso e com chute forte, autor do primeiro gol do alvi azul.
As tentativas de gol do Taubaté eram paradas pelo jogo violento dos Palestrinos, principalmente pelos dois zagueiros, Carnera e Junqueira, que davam carrinhos perigosos, soladas, botinadas e até tapas, e o árbitro deixava passar tudo, para revolta dos jogadores do Taubaté, que entraram na pilha e começaram a praticar o jogo violento também.
Aos 41 minutos o atacante palestrino se livra de forma espetacular do zagueiro Helio, sai frente a frente com Zezão que sai do gol na tentativa de parar o atacante, que com uma categoria impecável encobre o goleiro alvi azul, virando a partida, um golaço, 2x3.
Aos 44 minutos o alvi azul tenta o empate, bate rebate na área palestrina e Walquirio chuta forte, o goleiro Gijo já vencido, o zagueiro Junqueira bloqueia o chute com as mãos, o árbitro não marca a penalidade, gerando uma vaia ensurdecedora da torcida. Chegando assim, o final da partida, Taubaté 2x3 Palestra.
ANÁLISE DA PARTIDA
O jornalista Noé Ribeiro disse as seguintes palavras sobre a partida:
"Mesmo sem todos os seus titulares, se esperava do Palestra, líder do Certame Paulista, favorito ao título, técnica apurada, padrão apreciado de jogo, combinação perfeita entre defesa e ataque, mas nada chegou a impressionar a enorme assistência. Aconteceu com o Palestra, o que acontece com outros grandes teams de São Paulo, quando vem a Taubaté, falta de técnica apurado e, além de tudo, prática do jogo violento, justamente quando o scores lhes é adverso.
O senhor Carlos Ruschelli , foi um mau juiz. Apitou o primeiro tempo mais ou menos a contento, deixando passar pênaltis feitos pela equipe do Palestra. No segundo tempo deixou passar outro e novamente a favor do alvi azul. Provou ser um inimigo da penalidade máxima, sendo porém franco adepto do jogo violento. Faz do Foot-ball Association um esporte mais bruto que o Rugby, não pelo jogo mas pela conduta técnica dos elementos"
As equipes atuaram assim:
Esporte Clube Taubaté - José (vulgo Zezão), Rogério, Ântico, Ditão, Escobar, Helio, Savério, Viola, Mario, Zico, Walquirio.
Palestra Itália - Gijo, Carnera, Junqueira, Garro, Di Lorenzo, David, Barcelona, Magno, Zuza, Lima, Pipi (Carioca).
O árbitro da partida, foi Carlos Ruschelli, não se tendo os nomes de seus assistentes (até o momento).
A seguir imagens da partida:
Fonte:
Revista Sport Ilustrado - RJ, Nº 138, Páginas 8 e 30, Quinta Feira, 28 de Novembro de 1940.
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