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Jefferson Ribeiro

PROTESTO DA TORCIDA 1957

Atualizado: 8 de mai. de 2021

E.C. Taubaté 2x2 Corinthians

Data: 16/06/1957.

Local: Taubaté - Campo do Bosque.

Árbitro: Valter Galera.

Auxiliares: Germinal Alba e Francisco Constantino.

Renda: Cr$ 178.925.00.

Gols: 1º Tempo - Tek (T) aos 33'.

2º Tempo - Mario (T) aos 14', Zague (C) aos 37' e Olavo (C) aos 45'.


As equipes atuaram assim:

TAUBATÉ - Bonelli, Rubens, Porunga, Orlando Maia, Ivan, Celso, Alcino, Augusto, Mario, Tek, Evaldo.

CORINTHIANS - Gilmar, Olavo, Oreco, Idário, Walmir, Roberto, Belangero, Beni, Luizinho, Paulo, Zague, Boquita.

O capítulo triste do jogo ficou por conta do árbitro Valter Galera, assinando impedimentos do ataque do Taubaté que nem seus auxiliares tinha marcado; permitiu que Zague finalizasse em total impedimento, só não marcou porque o goleiro do alvi azul Bonelli fez uma defesa espetacular; não apitou um pênalti clamoroso a favor do Taubaté depois de uma botinada de Olavo em Mario; enfim, mudando completamente o andamento do jogo, com visível demonstração de parcialidade para o Corinthians.

O desfecho final do desmando do senhor Valter Galera veio quando assinalou uma falta que não houve a favor do Corinthians, na entrada da área alvi azul que resultou no gol de cabeça de Zague. E, não satisfeito, quando já passavam dos 45 minutos, em um bate e rebate dentro da grande área do Taubaté, apontou, com espanto geral, a marca do pênalti, alegando mão do zagueiro Rubens. E por incrível que pareça quem colocou a mão na bola foi Zague do Corinthians, que ficou claramente constrangido, com a situação. Na cobrança Olavo deixou tudo igual no placar, 2x2.

O Esporte Clube Taubaté sofreu um roubo e tanto dentro de sua casa, para revolta dos jogadores e principalmente da numerosa torcida, que invadiu o campo e chegou agredir o árbitro, que não apanhou mais porque correu rapidamente para os vestiários, onde  foi protegido pelo  policiamento, que teve muito trabalho para conter a revolta dos torcedores.

Segundo o jornal A Gazeta Esportiva, houve injustiça tremenda no resultado da partida. "O Taubaté demonstrou superioridade o jogo todo, com um jogo harmonioso e um ataque muito veloz, enquanto o Corinthians demonstrou um jogo com falhas defensivas e um ataque fraco. Se não fosse o árbitro Valter Galera, teria saído derrotado e por uma contagem elevada".

Indignados com o que presenciaram, torcedores do Taubaté, liderados por Leonildes Monteiro o popular Dionísio, resolveram fazer um memorial endereçado ao presidente da federação paulista de futebol, independentemente de qualquer atitude oficial do clube, repreendendo a arbitragem de Valter Galera.

No dia 21/06, estiveram em São Paulo na redação do jornal A Gazeta Esportiva, inúmeros torcedores do Taubaté, que proporcionaram ao jornal a oportunidade de publicar na íntegra o protesto enviado à federação paulista de futebol.

Taubaté, 17 de Junho de 1957.

Exmo Senhor Presidente da Federação Paulista de Futebol.

São Paulo.

Saudações.

Os abaixo assinados, associados e simpatizantes do Esporte Clube Taubaté, pedem vênia a Vossa Excelência para formular o seu mais veemente protesto, contra a arbitragem de determinados apitadores, indicados pela Federação Paulista de Futebol, que, em nossa própria praça de esportes, vêm esbulhando o quadro local, especialmente quando das partidas realizadas contra os chamados clubes grandes, de São Paulo.

A tudo temos assistido com estranheza, sempre na suposição que os árbitros erram mas não esbulham.

No entanto, ultimamente o fato tem se repetido com tal regularidade que chegamos à compreensão que é tudo feito com o único e exclusivo intento de prejudicar os quadros do interior. Para tanto, a afirmativa feita reiteradamente pelos jornais de São Paulo de que os "grandes" de São Paulo, sejam o Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Santos e Portuguesa, por sua natureza de clubes fundadores, pelas suas conquistas e pelo seu elevado índice social estão, naturalmente,  incluídos no campeonato da primeira divisão, o que quer dizer que não poderão ser alijados ainda mesmo que apresentem-se com inferioridade ante os seus adversários, é o suficiente para provar que, agindo desonestamente, os juízes nada sofrerão porque apenas cumprem uma possível determinação extra oficial.

O que ocorreu ontem em nossa cidade, quando o senhor Valter Galera, ilustre desconhecido, árbitro de terceira categoria, esbulhou deliberadamente o Esporte Clube Taubaté, perante sua própria torcida, composta de muitos milhares de aficionados, roubando uma vitória liquida do quadro local, foi estarrecedor. Uma autêntica vergonha para o futebol paulista, cuja decadência reside precisamente no fato de não ser preciso que um quadro grande tenha bons elementos, mas que os elementos escolhidos apenas vistam a gloriosa camiseta deste ou daquele clube tradicional  de São Paulo.

Mas, senhor presidente, este protesto contém, também uma advertência, se continuar a Federação Paulista de Futebol a enviar para o interior árbitros como o senhor Valter Galera, deverá assumir, também a responsabilidade do que possa vir acontecer. A torcida, desiludida, desesperada já começa a dar mostras de autêntica revolta, que poderá, a qualquer instante, culminar com acontecimentos da mais alta gravidade. Assim vem acontecendo em outras cidades. Neste torneio de classificação, que mal começa, já tivemos o caso de Ribeirão Preto e agora o de Taubaté.

Para evitar que o mal cresça, para evitar que tais acontecimentos gravíssimos e indesejáveis possam ter lugar, porque a polícia poderá não dispor de elementos para garantir a integridade física dos juízes mandados a arbitrar jogos no interior, é que vimos solicitar de vossa senhoria as providencias necessárias para, no futuro, evitar acontecimentos dessa natureza.

Queira vossa senhoria aceitar nossos cumprimentos e a certeza de que, cooperando com os quadros do interior, estaremos, todos nós, defendendo o bom nome do futebol de São Paulo, dentro do espírito esportivo que deve presidir as reuniões  dessa natureza, em todo o Brasil.

Procuremos consertar os erros cometidos Senhor Presidente, e estaremos agindo sensatamente, dentro da ordem e do respeito que a todos é devido.

Atenciosamente, seguem-se as 2.000 assinaturas.


Não temos as assinaturas (até o momento).


Fontes:

A Gazeta Esportiva - Sábado, 22 de Junho de 1957.

A Gazeta Esportiva - Segunda Feira, 24 de Junho de 1957.

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