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Jefferson Ribeiro

Iluminação do Campo do Bosque 1958

Atualizado: 19 de abr. de 2021

No início dos anos 50, uma das grandes melhorias que a diretoria do Esporte Clube Taubaté queria fazer era a iluminação do estádio da Praça Monsenhor Silva Barros, para realização de jogos noturnos. Mas a questão financeira sempre foi um empecilho, ainda mais depois que o clube conseguiu o acesso à primeira divisão em 1954, os gastos aumentaram, principalmente na montagem e manutenção de bons times e na infraestrutura para os atletas, como a casa de concentração, o departamento médico e a na ampliação das dependências do estádio. 

Até que no início de 1958 a ideia da iluminação do Campo do Bosque ganha força entre os dirigentes do alvi azul, apesar de que algumas pessoas eram contra a iluminação, pelo fato de que estava em construção o estádio novo (atual Joaquinzão), pois queriam colocar a iluminação direto nele e não no Bosque. Mas chegou-se a um consenso de que  iluminariam o Campo do Bosque desde que o material fosse aproveitado no estádio novo.  Então, formou-se uma comissão para tomar a frente dos assuntos relacionados a iluminação do Campo do Bosque, essa comissão foi formada por: José Rodrigues Pereira, Savério Mario Ardito, Abel Pereira Rodrigues, José Marcelino de Moura Morais, José Cassiano de Freitas, Emílio Abifadil, Ibraim Nagib. O Taubaté já tinha uma das maiores médias de público entre os times do interior que disputavam o Campeonato Paulista, com os jogos noturnos essa média aumentaria por se tratar de uma novidade para a época. Entre os clubes do interior somente Botafogo de Ribeirão Preto tinha iluminação no seu estádio.


A média de público aumentando, consequentemente o clube arrecadaria mais, lembrando que a bilheteria era a principal fonte de renda dos clubes na época, ainda mais para um clube do interior como Taubaté.

A cidade estava empolgada com os bons resultados do time dentro de campo e com as obras em curso do novo estádio, ficou ainda mais empolgada com a notícia de que o alvi azul iluminaria o Campo do Bosque até o fim do ano de 1958.


O Esporte Clube Taubaté fez várias consultas e orçamentos a empresas do setor elétrico de São Paulo, a que mais agradou foi a Philips S.A do Brasil, que já tinha feito este tipo de trabalho em outros estádios. Então, na noite do dia 25/03 diretores do Esporte Clube Taubaté receberam a visita de inspetores da Philips em sua sede social, também estavam presentes, mídia esportiva local e alguns sócios do clube. Os inspetores fizeram uma demonstração do que seria o seu trabalho, fornecendo todo o material de primeira, isto a princípio custaria aproximadamente 1 milhão 100 mil cruzeiros. O orçamento no entanto, poderia sofrer alterações desde que empresários da cidade colaborassem com o clube, fazendo doações de materiais, como: holofotes, postes, transformador, sendo assim, as despesas ficariam reduzidas. Um ponto importante da visita dos inspetores, foi a confirmação do aproveitamento de todo material da iluminação no estádio novo.


Aos poucos, foi se firmando os passos para concretizar a ideia da iluminação no campo do Bosque, até que no dia 11/04 às 20:00 na sede social do Esporte Clube Taubaté, um contrato para aquisição do material elétrico foi assinado. O ato aconteceu com a presença de diretores e conselheiros do alvi azul, representantes da Philips e da mídia esportiva local e da região do Vale do Paraíba. A documentação referente a compra de 80 holofotes, foi preparada pelo senhor Hélcio Paulon, em nome da Philips, e assinada em nome do Esporte Clube Taubaté, pelo seu presidente José Rodrigues Pereira.  A indústria Mecânica Pesada S.A., fez uma concessão julgada como esplêndida pela diretoria do clube. Trata-se das 4 torres que vão sustentar os holofotes. No orçamento essas torres ficariam em mais de 600 mil cruzeiros, enquanto que, em colaboração com o clube, a Mecânica Pesada construiu e instalou as torres por 100 mil cruzeiros, um desconto e tanto. Essas torres, são as que se encontram hoje em dia no estádio do Joaquinzão que serve como base para os holofotes e iluminação do estádio.


Depois de 2 meses de negociações e espera, no dia 21/06, finalmente as obras para iluminação começaram, as torres foram finalizadas pela Mecânica Pesada, que também começou a perfuração para a colocação das mesmas. Os holofotes foram recebidos, entregues pela Philips, que também ficou a cargo das demais providências e, pretendia encerrar as atividades até o fim do mês de Julho. A diretoria do alvi azul esperava fazer a inauguração no inicio de Agosto.


Ocorreram alguns contra tempos e a obra acabou atrasando, sendo realizados os primeiros testes no fim de Setembro, notando-se algumas sombras no canto do campo, mas que foram prontamente resolvidas com o reajuste dos holofotes. A movimentação da população em torno do estádio no dia do teste foi gigantesca, parecia dia de jogo valendo título. Alguns torcedores já tinham acompanhado jogos noturnos quando foram ver o alvi azul fora de casa na cidade de São Paulo, mas a grande maioria nunca tinha assistido um jogo noturno, por isso, a grande movimentação em torno do estádio no dia dos testes.

Para a inauguração oficial da iluminação, a diretoria procurava um time para vir realizar um jogo em caráter amistoso, a princípio procurou times do Rio de Janeiro, Flamengo e Vasco da Gama, mas não houve acordo com uma das equipes. Então, o São Paulo Futebol Clube foi procurado e aceitou vir a Taubaté para inaugurar a iluminação e realizar a primeira partida de futebol noturna da cidade,  ficou acertado entre as diretorias que a partida seria no dia 01/10 e que a renda seria dividia entre os clubes. Chegado o grande dia, movimentação intensa nos arredores do Campo do Bosque, às 19:00 horas, em presença de autoridades esportivas da cidade e região, foi pelo Cônego José Ramão da Rosa Góes, procedida a benção dos novos melhoramentos. O sistema de iluminação foi aceso às 19:30, simultaneamente com a abertura dos portões. A ligação das chaves da iluminação foi feita pelos senhores Juares Guisard, prefeito da cidade, Joaquim de Morais Filho, presidente do conselho deliberativo e presidente da comissão do novo estádio, José Rodrigues Pereira, presidente, Savério Mario Ardito, vice presidente, Oliveira Braga, juiz de direito da comarca,  inaugurando em definitivo o serviço de iluminação do campo do bosque.  Antes da bola rolar, os senhores Paulo Machado de Carvalho, chefe da delegação brasileira de futebol na copa do mundo da Suécia e vice presidente da CBD (Confederação Brasileira de Desportos) e Vicente Feola, treinador da seleção Brasileira de futebol na copa do mundo da Suécia, foram homenageados no gramado, ganhando uma medalha oferecida pelo Esporte Clube Taubaté, pelo título de campeão do mundo.  O presidente da Liga Municipal de Futebol de Taubaté, o senhor Benedito Marcondes Ferreira, também foi homenageado, pelos seus bons serviços prestados ao futebol amador de Taubaté. Na partida preliminar jogaram seleção do futebol amador de Taubaté contra a seleção do futebol amador de Caçapava, que terminou empatado em 1x1. O São Paulo Futebol Clube, se sentindo honrado em fazer parte de um evento tão importante para cidade de Taubaté, trouxe seus melhores jogadores, exceto Gino e Mauro, titulares que, contundidos, não vieram. Com estádio completamente lotado e com uma torcida entusiasmada, os dois times entraram em campo sobre aplausos. Na primeira etapa, depois de um início de total domínio do Taubaté, o São Paulo equilibrou a partida, mas o placar não saiu do 0 por falta de pontaria de ambos os ataques. Na etapa complementar, a partida continuou equilibrada, com chances de gol para ambos os lados, até que aos 27 minutos, em um chute de Zizinho, o goleiro Henrique rebate e Maurinho no rebote abre o placar para o São Paulo. Não deu muito tempo de comemorar, aos 31 minutos em uma cobrança de falta de Orlando Maia com chute forte e rasteiro, contou com ajuda do morrinho artilheiro, que enganou o goleiro Paulo, o Taubaté chegava ao empate. Aos 34 minutos o Taubaté chegou a virada através de Mario Celso, vulgo Martha Rocha, que tocou na saída do goleiro Paulo, a bola lentamente foi entrando, o zagueiro Ferrari após a bola passar a linha de gol a tirou-a para longe. O árbitro João Hetzel Filho, não assinalou o gol, já que se encontrava quase na intermediária, consultou o auxiliar que também não validou o gol. Chegando assim ao fim da partida com o empate de 1x1.

As equipes atuaram assim: Taubaté - Henrique, Orlando Maia, Rubens, Celso, Ivan, Ananias, Gardel, Zé Américo, Tek, Gato, Evaldo (Mario Celso). Técnico - Aymoré Moreira. São Paulo - Poy (Paulo), De Sordi (Ferrari), Ademar, Gersio (Fernando Satiro), Vitor, Riberto (Sarará), Lanzoninho,  Maurinho, Amauri, Zizinho, Canhoteiro. Técnico - Manuel Raymundo. Renda e Arbitragem A renda foi de 227 mil e 700 cruzeiros, o árbitro da partida foi João Hetzel Filho, não tendo o nome de seus auxiliares, até o momento. A inauguração da iluminação do campo do Bosque, foi tratada como um fato de extrema importância na vida esportiva da cidade de Taubaté, foi o primeiro jogo de futebol noturno da cidade, essa melhoria representou o resultado de um grande trabalho da diretoria do Esporte Clube Taubaté.


ECT NOS VESTIÁRIOS ANTES DA PARTIDA COM O SÃO PAULO

Em pé da esquerda para direita: Zé Américo, Martha Rocha, Mexicano, Henrique Shalch, Tek, Rossi, Gardel e Duza.

Agachados da esquerda para direita: Evaldo e Gato.

Sentados da esquerda para direita: Giru (mascote), Coutinho (massagista), Zé Carlos, Baltazar, Celso e Orlando Nagaroto (diretor).


Fontes: A Gazeta Esportiva - Segunda Feira, 17 de Março de 1958. A Gazeta Esportiva - Segunda Feira, 31 de Março de 1958. A Gazeta Esportiva - Segunda Feira, 12 de Maio de 1958.

A Gazeta Esportiva - Segunda Feira, 23 de Junho de 1958.

A Gazeta Esportiva - Quarta Feira, 24 de Setembro de 1958.

A Gazeta Esportiva - Quarta Feira, 1 de Outubro de 1958. A Gazeta Esportiva - Segunda Feira, 1 de Dezembro de 1958.

Acervo, pessoal: Moacir dos Santos. Correio do Vale do Paraíba - Quinta Feira, 17 de Julho de 1958. Correio do Vale do Paraíba - Sexta Feira, 19 de Setembro de 1958. Correio do Vale do Paraíba - Quinta Feira, 2 de Outubro de 1958.

Foto Rezende.

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