Após o alvi azul conseguir o título do campeonato paulista da segunda divisão de 54, que terminou no dia 26/06/55, a Federação Paulista de Futebol, deu um prazo de 15 dias para o alvi azul fazer as reformas necessárias no seu estádio, para que pudesse confirmar, ou não, sua participação no campeonato paulista da primeira divisão de 1955. As exigências da FPF eram as seguintes: ampliação de 5 mil lugares para que a capacidade chegasse a 20 mil, construção de 3 vestiários modernos, para o alvi azul, os visitantes e arbitragem, portas de acesso em quantidade suficiente, a troca por completa do alambrado e melhorias no reservado para crônica esportiva.
O INÍCIO DAS OBRAS
Houve uma mobilização gigantesca do povo de Taubaté para que o campo do bosque estivesse dentro das exigências feita pela FPF. A cidade respirava, falava e discutia o feito do Burro da Central, e manteve-se numa angustiosa expectativa, não sabendo se de fato o time disputaria a primeira divisão.
O prazo para que tudo estivesse dentro daquilo que a FPF exigia era curto, não se tinha tempo a perder e na tarde do dia 27/06, um dia após a conquista do título, as obras começaram a todo vapor, com cerca de 200 homens, fora os vários voluntários que trabalharam cerca de 18 horas ininterruptas por dia, divididos em turnos. A seguir imagens do início das obras.
DIRIGENTES DO ALVI AZUL NO INÍCIO DAS OBRAS.
RUA MARQUÊS DO HERVAL QUE FOI OCUPADA POR UMA PARTE DAS ARQUIBANCADAS.
VISTORIA PRELIMINAR E O PESSIMISMO
No dia 01/07/55, uma comitiva da FPF, chefiada pelo presidente da entidade, o deputado Mendonça Falcão, junto com capitão Oberdan de Nicola, engenheiro Edmílson Tinoco, um representante da CBD, jornalistas e demais membros, vieram a Taubaté para a primeira vistoria. A comitiva saiu de São Paulo às 14:30, chegando no campo do bosque às 17:30, lá foram recebidos por: Joaquim de Morais Filho (presidente), José Franco Bittencourt (secretário), Leopoldo Pereira, Fabio Moura, Savério Mario Ardito, José Marcelino de Moura Morais, Valentino Monteiro Gomes (dirigentes). Houve troca de gentilezas por ambas as partes.
Logo em seguida, começou a vistoria, Joaquim de Morais relatou aos dirigentes da FPF e aos jornalistas, os esforços que vinha o alvi azul realizando em busca de deixar o campo do bosque apto a receber partidas da primeira divisão, lhes mostrando os melhoramentos.
Durante a vistoria a reportagem de A Gazeta Esportiva, teve a oportunidade de ouvir as opiniões de Oberdan de Nicola e Mendonça Falcão, sendo que Oberdan disse: "Admiro muito o entusiasmo do povo dessa terra, do senhor Joaquim de Morais e demais componentes do clube, não desmereço também o valor do Taubaté quanto à sua inclusão na primeira divisão, mas acho que as dependências não estarão de acordo com as leis vigentes da FPF". Mendonça disse: "Sou leigo nesta questão, mas pelo que vi, as construções em andamento não oferecem resistência alguma, quando um público enorme for convocado para assistir uma partida contra um São Paulo, Corinthians, Palmeiras e etc."
Logo após a vistoria preliminar no campo do bosque, o presidente da FPF, convocou uma reunião a portas fechadas, na sede do legislativo municipal, onde participaram, os dirigentes da FPF e do alvi azul, jornalistas locais e da capital.
Reunidos, Falcão Mendonça disse a Joaquim de Morais, que admirava muito a sua boa vontade e dos demais componentes de sua diretoria em satisfazer as exigências da FPF, mas pelo que viu e atestou, estava pessimista, quanto às arquibancadas que estavam sendo construídas em não comportar a assistência de um jogo importante.
O senhor José Geraldo de Oliveira, ex presidente do alvi azul e vereador municipal tomou a palavra, afirmando que no jogo que foi decisivo, entre Taubaté e Botafogo de Ribeirão Preto, o público calculado perto dos 12 mil presentes. Diante disso, o engenheiro Edmílson Tinoco, que responde pela opinião técnica da FPF, disse aos presentes que na sua opinião, não se satisfez com as obras que se realizavam, pondo em dúvida a segurança garantida ao público, embora a visita se tratasse de uma vistoria preliminar, não podendo dar seu veredito final em uma obra em andamento.
Chegando ao final da reunião, ficou decidido que a vistoria oficial seria no dia 13/07 e posteriormente foi mudado para o dia 14/07. A sensação que ficou entre os dirigentes do alvi azul era de que o Taubaté corria um grande risco de não participar da primeira divisão, pondo por água a baixo toda campanha da segunda divisão. A seguir imagens das obras no dia da vistoria preliminar.
VISTORIA OFICIAL
O alvi azul tomou suas providências antes da vistoria oficial, solicitando o parecer técnico do departamento de obras públicas da cidade, na palavra de seu diretor, engenheiro Alvaro Guimarães, que aprovou as novas construções, conforme disse no laudo: "Atendendo a requerimento da diretoria do Esporte Clube Taubaté, procedemos, nessa data, a vistoria da praça de desportos desse clube, situada à praça Monsenhor Silva Barros, nessa cidade e verificamos as condições de trabalho e material das arquibancadas recém construídas. Os esforços máximos verificados com as arquibancadas lotadas são de 70 a 75 kg por centímetro quadrado para as peças de pinho do Paraná, de 85 a 90 kg por centímetro quadrado para as vigas de peroba, de 35 a 40 kg por centímetro quadrado para os montantes de eucalipto. A pressão máxima sobre o terreno é menor que 1 kg por centímetro quadrado. As condições de contraventamento e flambagem são satisfatória. Em vista desses dados declaramos que as arquibancadas oferecem a necessária condições de segurança e que essas obras, como as demais executadas nas instalações e construções podem ser usadas".
Para a vistoria oficial, a FPF designou a seguinte comissão: Luiz Portes Monteiro, Eugênio Malzoni, Valdemar Albien, Edmílson Tinoco, David Brasiliense e Francisco Barreiro. Foram convidados os jornalistas e locutores, Emílio Colela, Carlos Alberto Faria, Pedro Luiz, Aurélio Campos e Lula Lobo. A comitiva saiu da sede da FPF às 14:00 horas em automóveis, chegando em Taubaté por volta das 17:00.
Assim que chegaram, a comissão começou a vistoria do campo do bosque, o estádio apresentou um total de 13.627 metros lineares de acomodações, com capacidade para 20.439 pessoas. O engenheiro da FPF Edmílson Tinoco, que ficou de apresentar o laudo a respeito do estádio, no retorno a São Paulo, o apresentou aos diretores da FPF, durante a reunião semanal ordinária da entidade. O presidente Mendonça Falcão ouviu atentamente a opinião dos membros da comissão, resolvendo aprovar o estádio do alvi azul que, passou a ter condições de fazer parte da primeira divisão. A notícia chegou em Taubaté pela manhã do dia 15/07 e foi motivo de festa para os dirigentes e torcedores do alvi azul que finalmente tinham a confirmação da participação no campeonato paulista da primeira divisão de 1955. A seguir imagens da vistoria oficial.
UM BOM NÚMERO DE TORCEDORES COMPARECEU NO NO CAMPO DO BOSQUE PARA BOTAR PRESSÃO NA COMISSÃO DA FPF.
UMA DAS ARQUIBANCADAS NOVAS.
COMISSÃO QUANDO REALIZAVA AS DIMENSÕES DO CAMPO DO BOSQUE.
O jornal A Gazeta Esportiva disse: "Está de Parabéns o povo de Taubaté, deu demonstração da sua capacidade de trabalho e de amor ao Esporte Clube Taubaté, realizando, num abrir e fechar de olhos, um trabalho monumental".
Fonte:
A Gazeta Esportiva - Quarta Feira, 29 de Junho de 1955.
A Gazeta Esportiva - Sábado, 02 de Julho de 1955.
A Gazeta Esportiva - Segunda Feira, 04 de Julho de 1955.
A Gazeta Esportiva - Terça Feira, 05 de Julho de 1955.
A Gazeta Esportiva - Quarta Feira, 13 de Julho de 1955.
A Gazeta Esportiva - Quinta Feira, 14 de Julho de 1955.
A Gazeta Esportiva - Sexta Feira, 15 de Julho de 1955.
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